Postagens

NÃO DEU CERTO NA ÍNDIA, NÃO DARÁ AQUI!

Imagem
No ano de 1501, Pedro Álvares Cabral encontrou-se com o Padre José e seu irmão Matias em Cranganor, Índia. Começava aqui uma relação nem sempre tranquila entre os cristãos latinos e os cristãos de São Tomé, de rito siro-malabar. Este navegador levou a Portugal, além desses dois irmãos, terra do que se supunha ser da sepultura do apóstolo Tomé, bem como notícias que contrariavam a versão anterior de Vasco da Gama que confundiu os hindus com cristãos. Informou, Cabral, que de Goa a Cochim havia mais mouros do que na costa da África, mas também existiam cristãos, o que agrad aria a D. Manoel no seu intuito de fazer aliança com cristãos no Oriente e tomar Jerusalém. Com o passar do tempo, descobriu-se que esses cristãos de São Tomé não  eram iguais aos latinos: além de ritos e costumes diferentes, eram nestorianos, e de aliados passariam a hereges. Havia agora por parte da coroa portuguesa a necessidade de latinizá-los, de moldar o diferente à sua forma, como se houvesse somente ...

Você Conhece o Azevinho?

Imagem
Você Conhece o Azevinho? [1] Nosso Senhor Jesus Cristo já advertiu que viriam muitos em seu nome, viriam como lobos em peles de ovelhas, [2] teriam aparência de piedade, fariam sinais e maravilhas e, se possível, enganariam até mesmo os escolhidos. [3] Fica então uma questão muito importante: diante da aparência de piedade, das palavras que encontram eco em nossas crenças e dos sinais que nos confortam em dias tão difíceis, como saber se estamos sendo enganados? Jesus disse que seria pelos frutos que nós os conheceríamos e acrescenta: “por acaso colhem-se uvas dos espinheiros, ou figos de plantas com espinhos?” [4] É claro que não! Jesus utiliza aqui algo muito contrastante em que é possível distinguir facilmente quem é seu discípulo de quem não o é, de quem tent a enganar. Mas e as frutas que têm aparência saborosa e mostram-se comestíveis? Há frutas, como o azevinho, que parecem deliciosas, mas são veneno puro. Têm boa aparência, despertam o apetite, são desejáveis, porém...

SALMOS E LAMENTOS

É costume meu ficar pensando sobre as orações não respondidas, sobre os dilemas da humanidade que nos acompanham desde sempre, já cantados pelos salmistas, como Asafe, ou pelos poetas, como Sófocles. Rememorando então os salmos, as lamentações, as grandiosas brigas de homens santos com Deus (que outro deus permite ao mortal que se discuta com ele?), como Jó e até mesmo Jacó, resolvi sintetizar esses dilemas. Como a síntese não está muito sintética, achei melhor criar um link para ser visto. É SÓ CLICAR AQUI que o pdf vai aparecer.

O que ganhei quando perdi

Perdi meus avós e meu pai... Senti o luto do próximo. Perdi meu emprego... Nunca mais olhei o pai desempregado da mesma forma. Perdi o amor... Entendi a solidão. Perdi a fé e a esperança... Percebi a loucura do mundo. Perdi o tempo... Compadeci-me do ansioso. Todas as coisas que perdi ou que deixei de ganhar Fizeram-me mais humano, Mais próximo do outro. A dor do casamento esfacelado dói em mim. A dor do órfão corta-me a alma. A dor do pai sem filho apavora-me! Perdi-me na dor; Na minha e na do outro, Mas achei-me em ti, meu SENHOR!

DEUS AMA?

Essa semana, durante uma aula de AT, deparei-me com a questão do arrependimento de Deus em ter feito o homem (Gn 6.6): como Deus pode se arrepender se em Números 23.19 diz que ele não se arrepende? Na tentativa limitadíssima de explicar as ações do Senhor (no que, confesso, me pareço mais com os amigos de Jó), topei com o termo antropopatia : a atribuição do pathos do anthropos a Deus para justificar as suas ações, ou seja, para falarmos da divindade precisamos adequá-la (descê-la) ao nosso pobre discurso humano. Durante a aula, minha cabeça ficou meditando o seguinte: se atribuímos sentimentos humanos a Deus para tentar entendê-lo, isso não se limita ao arrependimento, mas a todo tipo de sentimento, inclusive o amor. Se não é correto utilizar o termo “arrependimento” para falar das “mudanças de atitudes” (engasguei aqui) de Deus, seria correto utilizar o termo “amor”? Eu nem sei se amo da mesma forma que outro ser humano ama, como saber como Deus ama? Se é antropopatia atribuir s...

Sl 63 - Uma Oração

Ó Deus, eu te busco ansiosamente. O meu corpo te deseja como a terra árida, exausta, clama por água. Não te escondas de mim quando eu te busco! Não te afastes de minha alma quando clamo por ti! Tu és o meu Deus forte; sem ti nada sou. Longe de ti sou como um galho arrancado da videira: há marcas em mim e em ti. Torna a enxertar-me. Deixa-me provar de tua seiva, saciar-me com teu sustento. Ah! Jardineiro de minha alma, refresca-me do calor sufocante das angústias, orvalha-me com tua doçura e bondade e aduba-me com tua misericórdia e graça. Meu Deus, espero em ti, não te demores. Volve os olhos para mim e vê as marcas de teu Filho, Jesus, que está entre nós, amém!

Inaudita Beleza

Queria escrever um poema Para te exaltar... E não consegui. Queria fazer uma música Para te louvar... E não fui capaz. Queria falar, mas como? Sobre tua grandeza E foi-me impossível. Tua inaudita beleza Faz de tua presença As palavras fugirem. Sua excelsa glória Abafa o som Das mais belas melodias. Como falar de ti? Quais palavras? Quais canções? Oh! Inefável majestade, Melodias e palavras não as há Dignas de tua magnificência. Dizer o indizível, Cantar o silêncio, É falar de Deus. Mas há algo melhor Que de ti falar... É contigo conversar.

Os Jacobinas

Jacobina não discutia nunca. É assim que Machado de Assis define seu personagem no conto " O Espelho ": um homem que não discutia nunca. Mas esse homem estava em uma pequena casa no morro de Santa Teresa onde mais quatro homens discutiam, e discutiam questões de alta transcendência até que, ao tocarem na questão da alma humana, Jacobina foi convidado a expor sua opinião. "Nem conjectura, nem opinião... mas, se quiserem ouvir-me calados..." Esse casmurro não queria ouvir a opinião de seus companheiros, queria apenas contar um caso ocorrido com ele por volta dos vinte e cinco anos de idade; caso esse que comprovaria a sua tese de que não há somente uma alma, há duas: uma interior e outra exterior; "uma que olha de dentro para fora, outra que olha de fora para dentro...." e tendo esta a mesma importância vital daquela. Se quiserem saber o caso ocorrido com Jacobina e como ele comprovou a sua tese, leiam o conto machadiano. Quanto a mim, somente quero apr...

É Para o Bem do Reino

Era uma vez um homem extremamente crédulo. Tudo quanto lhe contavam ele acreditava. Assim, foi fácil para ele crer em Jesus Cristo e entregar-se totalmente ao senhorio deste, e continuava acreditando em tudo o que lhe contavam, ainda que não tivesse respaldo bíblico. "Sabe como é, o Espírito é livre e pode fazer o que quer", pensava ele. Era uma vez um outro homem, extremamente desconfiado. Tudo quanto lhe contavam ele não dava importância achando que era mais uma lorota. Contudo, ele também, pela graça de Deus, aceitou a Jesus como seu senhor, mas continuou não acreditando em tudo quanto lhe diziam, ainda que tivesse respaldo bíblico. "Sabe como é... esta é a interpretação que o irmão tem, será que não existe nenhuma outra?", dizia ele. Certo dia esses dois irmãos se conheceram em uma programação da igreja (eles eram membros da mesma igreja, porém não se conheciam ainda. Coisa de igreja grande) e travaram um longo bate-papo, onde ficou bem claro para ambo...